sábado, 22 de novembro de 2008

Bem-vindo ao clube

Eis que me vejo a formar, mesmo que me faltem alguns meses, e a encarar esse mundo que me vive a cobrar esforços — um mundo que não se sabe por quê; um mundo que faz da produtividade o seu para quê. Mas já me disseram que o trabalho dignifica o homem — um esforço comumente desgostoso e doloroso, ainda que uns poucos se dão com a sorte de se realizarem pessoal e profissionalmente.

Jovens e jovens que se vêem forçados a crescer, a tomar decisões que lhe escapam a certeza, a segurança — jovens que dão linha a um movimento que desconhece a si mesmo; que desumaniza os seres que se dizem humanos; que estabelece quais são aqueles que merecem ter luz, comida e roupa lavada; que determina os valores que se fazem oportunos, convenientes.

Mas nós queremos ordem e progresso! — queremos organizar, ordenar o modo-de-ser das pessoas a partir de regras de conduta que se fazem incapazes de ruir o escudo que protege o poder. E queremos progredir, digo, produzir desenfreadamente, posto que o ter se mostrou muito mais eficaz que o ser — embora os índios amazônicos façam florir mais paz, amor e graciosidade que qualquer um de nós. Mas quem é que ainda sonha com isso?

Continuemos, assim, a produzir nossos carros luxuosos, nossos apartamentos, nossos filhos domesticados e gananciosos; continuemos a produzir mais preocupações, mais dívidas, mais poluição e mais ilusões acerca do que vem a ser "felicidade". E não nos esqueçamos de tomar o que restou do território daqueles que ainda resistem à nossa ignorância.

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