quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Dê-me o controle do tempo



Queria que o ar e o sangue ficassem quietos, encolhidos, no sufoco de um interminável abraço. Queria sufocar a oscilação que me leva ao caos, à imprecisão, às entranhas do mistério que não cabe à minha razão. Donde vem a calma? Donde vem as cores? Donde vem a música?

Queria preservar os olhos que me trazem o aroma dos dias que só eu sei viver... e queria copiá-los e dá-los a quem merece conhecê-los.

Queria provar da fonte que me faz querer. Queria não me lembrar que meus quereres são caroneiros do vento... vento inconstante... vento que me faz gostar e desgostar daquilo que leva e traz o sufoco do abraço — o tempo.

domingo, 17 de agosto de 2008

Para um novo dia, uma nova canção

Uma xícara de café requentado, sem açúcar, acompanhado por fugazes alarmes que me avisam que já há o que defecar: foi assim que eu me pus aqui.

Confundo-me entre dois desejos polares: despir o meu espírito para que qualquer um possa vê-lo, tocá-lo ou julgá-lo; ou deixá-lo guardado no véu da censura que obstrui minha libido.

Ah! Minha libido está fadada a esperar pelo amor! Usaram-na como quem não podia; usaram-na como quem não sabia! Deixaram-na submersa na culpa do desconhecido.

Quem poderá salvá-la? "Não é coisa que se faça sozinho", diriam. Mas o amor não é flor que desabrocha em qualquer estação. O amor não é só forma e beleza; nem é só a casa da paz e do prazer. Ainda somos pequenos demais para o amor; somos pequenos demais para sermos um... e para darmos luz à contemplação ininterrupta da semente nirvânica.

Mas há brechas para o amor. Há espaço para que eu me redima. Há quem saiba colher as mais belas e viçosas flores que brotam da poesia diária ­— poesia dos beijos e sonhos e dores que forram os caminhos que a vida nos traz. E eu já estou aprendendo a colher... com todo o cuidado e carinho que quase sempre me faltaram.