terça-feira, 25 de agosto de 2015

Deixo queimar

[...] como se fosse o último, ou como um copo d'água que vira neblina se eu não o tomar, ou como uma enxurrada que desce e se esquece de onde surgiu e não sabe onde vai terminar – se é que termina, e se é que as coisas se fazem mesmo de início, meio e rodeio, do jeito que humanamente pensamos e concebemos e bebemos e fumamos e estranhamente nos apaixonamos.

Porque às vezes é preciso deixar os números e o verbo, estas cifras que engenhosamente inventamos para'qui navegar, neste pedaço de mundo que está longe do fundo e dos olhos de Deus – que também é verbo e também criamos para explicar e nos confortar quando aqueles números se calam, ou quando ainda mal existiam, ou quando insistimos em delirar nas armadilhas do afeto e do futur'incerto.

Sem números, sem verbos, sem promessas d'início e sem profecias de onde vai s'enterrar. Deixo queimar.

domingo, 2 de agosto de 2015

Farofa úmida

Essa mania de revelar
o que mal se sabe explicar
– como quem queria
dividir alegria
e um quilo de preocupação,
ou como quem não dormia
porque não entendia
tamanha contradição.