terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pra variar

Pois, se variar o par,
meu amor vai variar
-- e não há quem me convença
que basta eu firmar a crença
pr'eu então me acostumar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O velho ou o moço

Me acorda de novo, morena, que eu não sei se é verdade ou se invade o aviso que adiant'a idade. E me atina de novo, se o que ouço é esforço ou é o seu pulso que me apetece.

Quero perder o ouvido que esquece;
quero poder guardar
e cuidar da palavra que aquece.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mãe

Se o carinho e o riso não se punham no peito,
Se as palavras e os gestos minguaram
e o empurrão e o berço... cadê?!
Se o olhar desviou e o leite,
escasso, noutr'alma firmou
-- ah!, não é justo chorar!

Porque o peito guardava a mágoa
e a lua, sua face,
e as mãos e o ninho e a boca
negaram o enlace.

Daqui, como quem se levanta
e assume o risco da entrega,
canta alto que ama
e aquele amor já não nega!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Pássaro Verde

Não havia palavras que amarrassem, com precisão, o contorno e a textura da ocasião. Não havia sentido em dizer do inédito, da novidade... mas coisa igual é rara, irrompe sem piedade.

Que diabos fazer com aquilo, afinal? Diabos?! Parecia coisa de Deus -- esse assalto no peito que enche de vida e implanta um mau jeito; essa voz que acalenta e envolve nos braços!

Ah!, que coisa ter de ser e antever o perigo! Que coisa abrir espaço para o que consente em desatar o laço!

Mas não é besteira, não, e não é capricho ou invenção!... E quem duvidaria? A não ser o risco que assombra o desejo, não há o que faça pestanejar essa alegria!

De inefável a verbo, viu-se uma apertada mas maravilhada expressão -- um canto de quem vive o encanto de se entregar, e um voo de quem quer mas não sabe quando chegar.

Que o vento sopre e o baile se faça, e que a dança não roube o sorriso e a graça.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

De que vale?

De que vale mostrar saudade, se o embalo que leva não pode fazer voltar?
De que vale pedir perdão, se não havia alternativa para o que estava por vir?
De que vale agradecer, se a vontade que viu não nasceu do favor?
De que vale dizer que amou, se não entende metade do que dizem por lá?