quarta-feira, 27 de maio de 2009

All you need is love

Sim, Lennon, sei que amor é tudo de que precisamos. Mas já parou para pensar quantos significados essa palavra tem? Talvez existam tantos significados para o rótulo "amor" quanto existem pessoas no mundo! Sentimentos não podem ser — universalmente — tão bem definidos quanto casa, cachorro e árvore — você sabe.

Mas há algo em comum em se tratando do amor. Quer dizer, há algo em comum nas diversas formas de se amar, de se sentir o amor. E há uma linha da psicologia que parece retratar, oportunizar e se instrumentar das condições que molduram esse sentimento. Não é por acaso que ela, a terapia centrada na pessoa, semeada pelo humanismo, é não raro taxada de romântica (até mesmo utópica!). "Que condições são essas?", você perguntaria a mim. Elas são nada mais que posturas, que maneiras de se colocar em relação ao outro. É uma espécie de envolvimento, de entrega ao mundo daquele que se abre a nós — entrega que não se confunde com "identificação", com simbiose (dois seres tornarem-se um). Sucintamente, é uma relação permeada de aceitação, empatia e congruência.

Se não há empatia, não há amor. A paixão, por outro lado, e dentro do significado que lhe guardo, carece substancialmente de empatia, uma vez que o propósito primordial desse estado de espírito consiste em satisfazer imediata e incondicionalmente os desejos do apaixonado. A empatia, por outro lado, é o movimento de se colocar no lugar do outro, de compreender a maneira com que o outro percebe e vivencia situações, sentimentos, opiniões. Caso ela se ausente, tem-se normalmente o que conhecemos por egoísmo.

Hoje, em sala de aula, contemplamos uma atmosfera inefavelmente pintada de amor. Foi uma pena contarmos com tão poucos alunos presentes. Por outro lado, talvez a presença de todos inviabilizasse o que foi vivenciado.

Quero deixar um grande abraço ao professor Walter Parreira, que desde o ano passado tem trazido mais alegria, simpatia e amor para as minhãs manhãs (para as nossas manhãs, se é que posso generalizar). E outro forte abraço a todos aqueles que acreditam que o mundo pode ser muito melhor do que é! — Basta acreditarmos...

sábado, 23 de maio de 2009

Abrindo

O olhar do outro adoece. O olhar do outro enclausura a espontaneidade mais aprazível de que podemos gozar. Tanto melhor quando estamos a sós com a nossa loucura.

É bem certo que eu esteja enganado. Somos também responsáveis pelo enclausuramento que encerra nossa espontaneidade.

— Tanto melhor quando extirpamos a vergonha. Tanto melhor quando compartilhamos loucura.

domingo, 17 de maio de 2009

Das idas e vindas

Pode soar contraditório, mas minha liberdade advêm do policiamento e disciplina que aplico a mim mesmo. Já cantaram sobre isso, você sabe. Mas pode mesmo acreditar: disciplina é liberdade!

Meu coração é muito rebelde. Desde cedo, lá no Colégio Tiradentes, alertaram-me sobre a minha carência. Ouvir isso foi o que me custou ter imitado os gestos opressores de um policial militar. Mas ele, a disciplina dele, aquilo lá não é liberdade, não! Pode ser, admito, que atualmente suas palavras tenham se tornado verdade. Engraçado pensar: verdades e amores só se concretizam quando não há conflito entre as partes! Acho que — na maioria das vezes — essas partes não são nada mais que pessoas — duas ou mais! No meu caso, contudo, a verdade acerca da minha "carência" foi posta por mim mesmo. Flagrar algumas de minhas percepções distorcidas sobre a intenção dos meus amores desencadeou uma série de análises e conclusões surpreendentes. Em razão disso, tenho estado mais atento às tormentas que sacodem o meu estado de espírito. E sabe o que acabei descobrindo? O amor é a coisa mais subversiva que já ousou pousar sobre o meu coração!

Tudo bem: nunca o provei por inteiro! Nunca tive a coragem de experimentá-lo sem pudor, sem receio... Nunca o beijei sem um escudo e uma espada nas mãos!

Pensando bem, o que me apavora não é exatamente o amor. Você conhece bem os meus devaneios: final de semana no sítio, filhos, café e um violão. Você sabe o quanto me felicito em momentos em que somos o mundo inteiro! O quanto rio infantilmente quando te tenho em desejo, em satisfação... E quando, só com os olhos, você diz que me quer!...

Só queria poder te visitar mais. Queria saber por que bares e ruas tem passado. Só te encontrei duas ou três vezes na vida, como que encarnado naquelas garotas. Vai ver, como cantou o poeta, eu só não te vejo porque fico esperando que você caiba nos meus sonhos. E isso, segundo ele, é coisa de quem não sabe amar.

sábado, 16 de maio de 2009

Amanteigado


Não há ninguém melhor para falar sobre a loucura que o próprio louco. Os cientistas conhecem tanto a loucura quanto os padres entendem de relações conjugais. (Veja que o que precede isso é uma generalização. Não há por que esconder das criancinhas que muitos padres já brincaram de Michael Jackson. E não há dúvida de que os grandes gênios e os loucos partilham versos de um mesmo discurso.) Certo: classificamos e sistematizamos bem o conhecimento proveniente disso a que chamamos loucura. É diagnóstico fenomenológico — não tem segredo! Agora, empatia nenhuma consegue vislumbrar o que é vivenciar um delírio! Empatia nenhuma consegue pescar cada fragmento dessa esquizofrenia! E mesmo ajuntados, como num arroz a grega, esses fragmentos não erigem nem de longe o que dizemos entender por sanidade!

Ah! Vai ver, essa história de fragmentação não é tal como citada nos manuais! Vai ver, um usuário de maconha entende muito mais de loucura que os próprios cientistas (não estou incluindo os gênios!). Vai ver, eu tô subestimando essa gente toda — inclusive os padres, que, sabemos, nunca se deitaram com ninguém.

Sei lá por que diabos esse tema me toca. Loucura toca quase todo mundo, né? De médico e louco... blá, blá, blá! Tô me cansando desse discurso! Aliás, tô me cansando desse biscoito de... de... amanteigado!

domingo, 10 de maio de 2009

Onde se põe o calcanhar de Aquiles?

Força? Coragem? Honra? — que eles têm que me prendem a atenção?
Amor? Audácia? Beleza? — que eles têm que eu não tenho?

Que fazem esses heróis com o meu coração? Ao vê-los, vejo a mim! Vivo dores, desafios, glórias! Vivo sonhos que me forram o sono...

Ah!, essa sede pelo poder — essa pretensão de me ter dono do próprio umbigo!
Autoconfiança? Sabedoria? Liderança? — que eles têm que eu poderia ser?

Heróis não são deuses, e o seu maior privilégio é a mortalidade. Os deuses invejam os homens por isso! — Um período razoavelmente curto para se fazer vitórias, derrotas, história; um período extraordinariamente curto para se viver mediocremente!

Que me torna medíocre, afinal? — Covardia? Fraqueza? Paixão?

— Torna-te aquilo que é! Homem, medíocre é o que tem feito consigo mesmo!

— Que tenho feito de mim, afinal? Que tenho feito daquilo que sou?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os instantes

que antecedem o desconhecido, o final do túnel, o encontro com não se sabe quem... A expectativa de que não sejam as mesmas palavras, os mesmos abraços, o mesmo desfecho.