quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

De branco, é claro!

Exceto a bagagem ideológica que acompanha a virada do ano, não vejo nada mais de especial nisso. Nem minha cadelinha, Remela, que sequer compreende as luzinhas de natal e os foguetes que colorem o céu da virada... que nunca pensou sobre Deus nem criou um punhado de expectativas sobre o novo ano que se inicia. Mas a gente precisa dessas coisas. Precisamos erguer ideais e manter e difundir nossas crendices. A sociedade funciona assim.

E hoje, é claro, vou passar a virada vestido de branco! E espero não reencontrar os problemas que me apareceram nesta simples mas intrigante volta que a Terra acaba de percorrer em torno do Sol — problemas que, aliás, foram-me importantes para reavaliar o sentido a que atribuo à minha existência e àqueles com quem partilho esta jornada. É por isso que desejo muita paz, amor e empatia a todos vocês, meus queridos, e aos cachorros e árvores e vaga-lumes que habitam uma das fontes cósmicas donde emana vida, sonhos e mistérios.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quando dois são muito mais

Que fazer dos lábios que não são só teus? Nem o cheiro que me abraça... nem os olhos que me vêem.
Que fazer dos beijos que não são só teus? nem a língua macia que me acaricia o céu... nem o sabor que te escorre do ventre.

Que fazer com a impureza? dado que não te mostras limpa nem despida dos outros.
Que fazer com as outras? que te sujam de emoções que ficaram em mim.

Porque o beijo não é só teu. Nem os abraços que brotam de ti. Nem os sonhos que me fazem assim.

Que fazer comigo, afinal? dos olhos que não estão limpos para te ter... que te vêem como quem vê estrelas que já se foram.
Que fazer com o meu jeito-de-ser? que nunca foi puro nem despido de enganos.

Você eu eu — seres que se confundem com o tempo: pais e mães e paixões que se camuflam na gente; seres que se fazem nos outros, dos outros e para os outros.
Você e eu — vários que se misturam, que se fazem no amor, do amor e para o amor; seres que vagueiam entre o fel e o mel.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Fácil para quem pensa com a minha cabeça — minhas leis

Todo sistema é regido por leis. Essas leis são dadas a partir de uma espécie de economia. Não sei se a economia é quem rege as leis, e isso me faz pensar que as leis da física podem não ser invariáveis. É como a consciência que se altera com o álcool, com o sexo, com a fome. É como um louco que se via igual ao demais.

Mas pode ser que haja legislação da legislação — o que não quer dizer que haja Deus.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Como se...

Como se o amanhã pudesse ser antevisto pelo cálculo do agora...
Como se eu pudesse saber...

e me enganar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Cadê aquela sombra?

Se já sinto o peso dos versos de amor; se já não olho nos olhos como quem quer comê-los; e se já não sei de quem sou, nem o que sou...
Se a chuva castiga apenas os corações mais fracos — de fazê-los correr, cansar e dormir —; e se vem avisar que Apolo precisa esperar; e se já não diz quando é que vai cessar...

Me diz... me diz os versos de boa esperança! Me diz sobre o reinado do espírito... me diz sobre a ressurreição do amor!... que eu já estou molhado demais... Demais...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Descanso e reflexão

Tô precisando de um tempo. Tô me cansando de subir e descer com a maré... de correr com a correnteza. Tô precisando de sombra, água fresca e um espelho.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

De volta... mais uma vez

O andar e o conversar das pessoas interioranas são menos apressados. O coração bate mais devagar... A vida é mais comprida e tranqüila. Quase todos se conhecem... Se não diretamente, conhecem-se por um terceiro — um parente, um amigo. E cumprimentos como "Bom dia", "Boa tarde" e afins são mais comuns por aqui, no interior... e o natal é um tanto mais sincero... mais religioso.

Posto que as pessoas interioranas se conhecem mais e melhor, fica mais fácil descolar um emprego, criar novas amizades e estabelecer vínculos afetivos. Mas não é menos verdade que a privacidade acerca da vida particular esteja consideravelmente encurtada. E isso pode ser um probleminha para aqueles que não gostam de popularidade!

Os jovens estudam um pouco menos do que aqueles que moram nas grandes cidades. Os que querem — e podem — se aventurar profissionalmente, tão cedo se põem a migrar. Mas grande parte, por preferência ou contentamento, acabam criando raízes por aqui mesmo, onde nasceram e se humanizaram. E para aqueles que não querem dar andamento aos empreendimentos da família, ou àqueles que querem mas que pensam em se especializar mais no negócio, há sempre uma faculdade por perto.

E lá no fundo, em vez de carros, gritos e ambulâncias, cantam pássaros e grilos e algumas gotinhas de chuva, vozes que embelezam o ambiente sonoro do interior. E há também o latido dos cães, nossos melhores amigos, e as gargalhadas da criançada que brinca livre, contente e seguramente pelas ruas.

Mais que um pouco de verdade nessas coisas, há também um pouco de saudade. E a saudade muito comumente corresponde à vontade de que o futuro se assemelhe ao passado — não exatamente pelos fatos que o "constituem", mas bem mais pelas emoções que acompanhavam esses fatos e situações. É por isso que tive vontade de voltar a viver aqui, no meu Bom Despacho, minha terrinha natal... lugar que tanto se assemelha com o meu primeiro lar — o útero materno.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Segredos

Fico doido para contar e viver alguns segredos. Mas é tudo muito secreto!... E o tempo apaga o que não é contado nem vivido — como se nada tivesse existido.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Prepotência


Ah, se fosse fácil... ser como plantas, borboletas ou sapos... como coisas simples que já sabem para aonde ir... Como quem tem todas as respostas para perguntas que nunca precisaram existir.

Mas não sou. E não é por isso que vou me perder, ficar escondido... E nem vou continuar a rezar. Pelo contrário, tenho motivos a mais para pensar, sentir e me exibir. Mas esses motivos não me fazem melhor... Nem me dão o direito de rir daqueles que não se perguntam por quê.

me sentindo um animal. Um animal que se confunde com perguntas que querem acabar com o que há de animalesco em mim. — Quanta prepotência... Quanta prepotência!