sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

De volta... mais uma vez

O andar e o conversar das pessoas interioranas são menos apressados. O coração bate mais devagar... A vida é mais comprida e tranqüila. Quase todos se conhecem... Se não diretamente, conhecem-se por um terceiro — um parente, um amigo. E cumprimentos como "Bom dia", "Boa tarde" e afins são mais comuns por aqui, no interior... e o natal é um tanto mais sincero... mais religioso.

Posto que as pessoas interioranas se conhecem mais e melhor, fica mais fácil descolar um emprego, criar novas amizades e estabelecer vínculos afetivos. Mas não é menos verdade que a privacidade acerca da vida particular esteja consideravelmente encurtada. E isso pode ser um probleminha para aqueles que não gostam de popularidade!

Os jovens estudam um pouco menos do que aqueles que moram nas grandes cidades. Os que querem — e podem — se aventurar profissionalmente, tão cedo se põem a migrar. Mas grande parte, por preferência ou contentamento, acabam criando raízes por aqui mesmo, onde nasceram e se humanizaram. E para aqueles que não querem dar andamento aos empreendimentos da família, ou àqueles que querem mas que pensam em se especializar mais no negócio, há sempre uma faculdade por perto.

E lá no fundo, em vez de carros, gritos e ambulâncias, cantam pássaros e grilos e algumas gotinhas de chuva, vozes que embelezam o ambiente sonoro do interior. E há também o latido dos cães, nossos melhores amigos, e as gargalhadas da criançada que brinca livre, contente e seguramente pelas ruas.

Mais que um pouco de verdade nessas coisas, há também um pouco de saudade. E a saudade muito comumente corresponde à vontade de que o futuro se assemelhe ao passado — não exatamente pelos fatos que o "constituem", mas bem mais pelas emoções que acompanhavam esses fatos e situações. É por isso que tive vontade de voltar a viver aqui, no meu Bom Despacho, minha terrinha natal... lugar que tanto se assemelha com o meu primeiro lar — o útero materno.

2 comentários:

Marcos Seiter disse...

Com licença!

Amigo, que texto maravilhoso.

Sei como é essa diferença entre as pessoas das cidades mais faladas, do que aquela escondida no mapa. Eu sou um admirador sincero da educação. "Bom dia!" e "Boa Tarde!", são para eu o início de uma pessoa em minha visão. Se for o contrário, sei quais passos devo dar para com aquela.

Gostei muito da tua interpretação sobre isso, amigo.


Grande abraço e muito obrigado por me ler.


Marcos Seiter

Renam Timbó. disse...

Poxa, muito bom esse texto. Gostei mesmo. Parabéns. :)