sábado, 25 de julho de 2009

Passos passados e passantes

Passei pelos poetas que não sabem amar, pelo ciumento que castra amizades, pela tia que decidiu perdoar o marido infiel. Mas não é falta de amor; não é ciúme; nem é infidelidade. Passei também por Cazuza — tantas bocas e drogas e sonhos! E ainda passo por Freud e Charles Darwin, para quem os enigmas existem e podem bem ser desvelados! Mas não é a promiscuidade e a rebeldia jovem; nem é a curiosidade intelectual insaciável. Passo por quem já sabe o que quer. Passo por onde nunca quis estar.

Mas qual é o problema do casamento? Aliás, ele está tão longe e é decerto incerto! Passei pelo príncipe solteiro mas não encontrei princesa alguma. Logo me contaram que eu nasci na pós-modernidade. Aqui as pessoas vêm e vão. Já não existem meninas virgens e virtuosas, e os que se pretendem príncipes não sabem provar o que há de melhor por aí.

Embora pudesse, não passei pelos garotos de programa. Com excessão de alguns carnavais, sempre dei prioridade àquelas com quem meus ouvidos pudessem receber mais elogios. Foi quando passei por Deus, a figura sobrehumana esculpida por nós, bichos demasiado humanos. E meu reinado durou tempo suficiente para eu perceber que os benefícios de ser belo, virtuoso e todo-poderoso não compensavam o peso dos custos! Custava-me muito, confesso, manter as máscaras que me escondiam a face suja, desesperada.

Daí passei pelo budismo, pelo tabagismo, pela estrela do rock. Passei por tantos que ainda hoje me pergunto quem sou. A sorte é que sei o que quero. E, ainda que o queira como nunca fiz na vida, nem tudo se condensa no amor. Quero ainda passar pelo Shakespeare apaixonado, e quero tantos outros que nem sei se me sobrará tempo para passar pela morte.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Força pra gente

Leva a balada meus pensamentos fugidios. O sentimento fica. Não que tivesse de partir... mas fica.

Fica aqui do meu lado, fica. Me fala que é tudo sonho. Me fala que Deus está de brincadeira de novo. Me beija como mamãe nunca fez.

Do que já me esqueci, tento lembrar. "Recordar é viver", já dizia o povão — e com razão! Mas sei bem que memórias mudam com o tempo. E as pessoas também.

Quero não deixar isso tudo partir. Quero cercar a alegria de uma manhã de domingo. Então me acorda todo dia. É disso que quero lembrar. Ser só isso.