quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

À espera

No sossego de um momento só, recolhido em café e chuvisco, 
desperta a vontade de perto ter
a saudade de um beijo lento, leve, comprido.

Delas, por quem suspiro e me pego excitado,
não há quem me faça verdadeiramente crer
que o amor me espera na espreita, ao lado.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Regra de 3

Se a paixão me afoga de 30 em 30 dias (e dura, em média, cerca de 3 meses), devo, sobre o último caso, entregar-me apenas daqui há 3 anos. O casamento, contudo, há de esperar a chegada dos 30 -- por volta dos 33.

Mas pretendo fazê-lo uma única vez.

domingo, 21 de novembro de 2010

(...)

Como podem os sonhos trazer do tempo
o seu riso atrasado, a sua espera irritada
e o destino de outrora refeito, atualizado?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

De sábado, de anos e desencontros

Doeu-me manter abafado, por tanto tempo, um conceito inflamado, imprudente, passado.
Mas dói-me, também por ter-lhe contado, a garganta e a alma;
e dói-me rever os primeiros passos, de sala em sala, como quem sempre fugiu, recalcado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Distância

Passa e volta, como estações, essa mania de bater diferente o coração. Daí avisto Anchieta, São Pedro e o Centro, esses lugares e tempos que se ligam pela distância. E me dói um pouquinho no peito, só por um tempo, lidar com esse aviso enganado.

Porque posso quebrar esse ciclo. Ter nos braços um abraço longo, que não sufoca. Pegar mais uma vez a fila do pão.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mais tarde

Se me calo e na cara com calo
me brota charme de macho,
vede contudo a vontade
que me invade
e faz de mim o seu ninho

(...) mais tarde.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Que seja certo

o destino que nos põe cedo na mesa.
Que a razão se ajoelhe ao risco da entrega.
Que a dúvida se cale às palavras do corpo, do coração.
Que o tempo não leve do vento a leveza.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

(...)

Não me convém questionar
a falta que me faz
te ter longe do abraço
que resiste em chegar.

domingo, 27 de junho de 2010

Incerto

Se me falta certeza ao te ver de perto,
não é besteira, não.
Deve te faltar também,
e só o cheiro e o tempo
trarão destino certo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Do lado de lá

Abre riso ao ver bobagem assim - coisa tão nobre. Não pensara no jeito sem jeito, despreocupado, como quem faz gargalhar. Mas vê a noite cair, a espera partir, o silêncio parar.

Quando abraça o espelho, vê meninice. Ao ver confusão se abrir, não tem com o que medir. Mas se chamam do lado de lá, tudo se põe no lugar: canta e vê cantar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Do que espero, do que não quero

Desce ao corpo o aviso d'alma, o tremor que anuncia o peso da prosa, do encontro, da dor. Eis o futuro antevisto, antecipado, capaz de calar o rubor de um rosto apaixonado.

domingo, 13 de junho de 2010

Já houve amor

De sonhos que me põem em terras passadas,
em berços de beijos suados,
de portas e quartos cerrados,
com cada mulher amada.

Quando a noite é longa demais
para reviver o dia passado,
deita a febre e aproveita
a lembrança refeita,
o tempo em que fui amado.

sábado, 5 de junho de 2010

Último romance

Amanhece um sonho que mal vi passar.
Chegou, fitou, deitou, partiu.
Foi como quem faz a hora, sorrindo com os olhos e dobrando a esquina.
Partiu, deitou, fitou, dormiu.
Amanhece o pássaro que desconhece a dor, o relógio, o ouro que perdeu valor.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

É tarde

Se a noite cai, o sorriso sai, vai e me traz um beijo roubado, um sonho atrasado.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um fato a três

Rio enquanto finjo
que seu abraço é só meu.
Acordo de lado, calado,
doído mas volto a fingir.

domingo, 2 de maio de 2010

Me amansa

o escalpo com jeito de mãe. Não nego cheiro, gostinho, cochicho. Contanto que o fato me escape, que me fuja até o raiar, não vejo por que parar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Open fire

Vaga-legume, vaga-capa, gosdileite, Rony have came.
Stay togheter, don't forget our kids.
Chave para abrir piadas: caverninha bip-bip, capa-absurdum.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Com calma, amigo

Não finjo primavera. Tardes de sono repartem o dia, a calma, a saída. Sua cara fechada desbota a esquina, e o estalo abafado me irrita, meu coração palpita.

De raiva me escorreu suor pelos olhos. Noites que deitam prosa, desvio e evasão. Seu corpo irritado se deita ao lado, e o meu se reparte, o orgulho me invade.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Chave-mestra

Instantes solto, calado, como um grão que espera o mar.
Que espera um aconchego, um empurrão, uma mão que acompanha.

Caminha comigo, me mostra os passos, solta o cabelo.
Sente a brisa que corre pela fechadura: foi Deus quem soprou.