sábado, 27 de dezembro de 2008

Quando dois são muito mais

Que fazer dos lábios que não são só teus? Nem o cheiro que me abraça... nem os olhos que me vêem.
Que fazer dos beijos que não são só teus? nem a língua macia que me acaricia o céu... nem o sabor que te escorre do ventre.

Que fazer com a impureza? dado que não te mostras limpa nem despida dos outros.
Que fazer com as outras? que te sujam de emoções que ficaram em mim.

Porque o beijo não é só teu. Nem os abraços que brotam de ti. Nem os sonhos que me fazem assim.

Que fazer comigo, afinal? dos olhos que não estão limpos para te ter... que te vêem como quem vê estrelas que já se foram.
Que fazer com o meu jeito-de-ser? que nunca foi puro nem despido de enganos.

Você eu eu — seres que se confundem com o tempo: pais e mães e paixões que se camuflam na gente; seres que se fazem nos outros, dos outros e para os outros.
Você e eu — vários que se misturam, que se fazem no amor, do amor e para o amor; seres que vagueiam entre o fel e o mel.

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