terça-feira, 24 de março de 2009

Traduzindo o intraduzível

Essa mania de pensar que não é tão simples assim. Que há sempre um porquê do porquê. Que causas antecedentes determinam causas iminentes. Que causa seja um conceito causado por uma lógica ainda mais minuciosa, uma lógica mecanicista. Que raciocínios mecanicistas obedecem à uma mecânica inerente, imanente, que extrapola quaisquer tentativas de compreensão.

Essa mania de sentir que poderia ser melhorado. De não contentar com o que se tem, nem com o que se sente, se pensa... tampouco com o que se é! Essa busca insaciável pela completude, pela perfeição, pela imortalidade. Essa falta de paz, de Deus, de amor.

Esse prazer oriundo da angústia, da caçada-sem-fim, do eterno vir-a-ser. Essa vontade de potência, de conquistar o não-querer. Esse privilégio de se apoderar da própria vida, de planejar a própria morte! Esse gostinho de que assim é que vale mesmo a pena...

Das ruínas ao triunfo, um Eterno Retorno. Da dúvida à convicção, a flexibilidade. Das virtudes às paixões, liberdade!

— Sabe-se, contudo, que nada disso é verdade.

2 comentários:

Camilla K. Boyle disse...

Eu gostei muito deste texto. Me fez lembrar o livro que estou lendo agora: "A insustentável leveza do ser".

Recomendo vivamente =)

Beijinhos

jéslia disse...

Eu posso te falar que vc tem o dom moço?
Gostei muito mas muito mesmo..
:)