terça-feira, 7 de outubro de 2008

Por esse caminho

Já que a ciclotimia se faz necessária e inevitável, visto o amor não ser coisa dada nem caída do céu, hei de desenvolver aquilo que tanto aprendi enquanto estive latente: expressar-me e fundir-me às coisas e momentos simples que encerram meus dias. Com o café; com a música que me entra e me sai; com os versos que escrevo e recito a mim e aos outros; com os passos e saltos que me trazem e me levam de casa; com os sorrisos e gestos e palavras que silenciam minha solidão; com as mulheres nuas que me encaminham à amada; com o ímpeto dançante que me devolve à loucura e à tentativa de saná-la — enfim, fundir-me-ei a coisas que possam domar o meu humor.

Porque eu sou medo e coragem; dor e prazer; riso e lágrima; passado e futuro; amante e amado; e toda e qualquer contradição que acomete a alma daqueles que se dizem humanos!

Mas o propósito primeiro é que a ambivalência seja encurtada. Que todo o vigor e os potenciais sejam efetivados, atualizados! Que toda a grandeza do ser, embora imperfeita e inacabada, aproxime-se daquilo a que chamamos cristandade — mesmo que a modernidade tardia insista em corrompê-la e distanciá-la de nós.

Pergunto-me, pois, e como sugeriu o poeta, se só o amor é luz! Pergunto-me, enfim, se estamos realmente dispostos a construir a escadaria que conduz ao nirvana, à plenitude, à excelência do ser-no-mundo! — e se o amor é definitivamente a ascendência a que me refiro e anseio.

No mais, resta-me tentar e tentar... com toda a coragem e humildade que me crescem a cada dia.

Um comentário:

Unknown disse...

"Porque eu sou medo e coragem; dor e prazer; riso e lágrima; passado e futuro; amante e amado; e toda e qualquer contradição que acomete a alma daqueles que se dizem humanos!"

Me identifico com sua poesia...
Sua sensibilidade me encanta e assusta...