O carinho-de-mãe que lhe foi tirado tão cedo; as palavras que lhe trazem saudade; aquele pedaço de pele que lhe evoca o desejo... e as mãos que se abraçam como quem não quer saber do amanhã.
Mas o amanhã existe. E a força do desejo, como num sonho intenso que não se deixa cumprir, fez com que se levantasse daquele sofá, sem olhar nos olhos, sem beijar a boca que tanto pedia silêncio.
— Preciso ir embora — disse, caminhando em direção à porta.
— Você quer ser uma lenda? — como se estivesse lembrando do que lhe haviam dito, temendo talvez o renascimento daquela vaidade narcísica.
— Não... Não mais. Não quero honrarias póstumas. O que quero é amar e ser amado...
E desceu as escadas... assistido por quem lhe dedica tanto amor.
— Você não olha pra trás? — perguntou-lhe, depois de já tê-lo perdido de vista.
— É mais fácil quando não olhamos...
E avistou tudo o que estava deixando distanciar — todos aqueles bons momentos; aquela história; uma trajetória que se fez em conjunto, guiada pelo desejo recíproco de se querer o bem — o próprio bem! Mas já não sabe qualé o caminho mais curto para a felicidade. Nem sabe se o amor ainda se faz.
Um comentário:
Pode ser mais fácil, mas não dói menos...
Abraços!
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